“Mas é território ou maré?” O conceito de maretório e as mulheres extrativistas costeiras e marinhas do litoral do Pará, Amazônia, Brasil
Contenido principal del artículo
Resumen
Este artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o conceito de “maretório” e sua relação com as lutas por direitos socioambientais das mulheres extrativistas costeiras e marinhas do litoral do Pará, Brasil. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo-exploratório, baseado em entrevistas, etnografias e registros em diário de campo, analisados em diálogo com conceitos e categorias analíticas das epistemologias feministas e ecoterritoriais latino-americanas. Colocar essas mulheres no centro da análise, revelou que a origem do conceito “maretório” ilustra a construção de um giro ecoterritorial, produzido a partir de uma epistemologia desde abaixo que valoriza o conhecimento situado dessas mulheres. Ao protagonizarem esse processo, elas se constituem em sujeitas epistêmicas. Embora frequentemente invisibilizadas pela literatura, essas mulheres não apenas lideraram mobilizações sociais em defesa de seus maretórios, resultando na criação de Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas no litoral do Pará, mas também buscam atuar ativamente na cogestão dessas áreas e na reivindicação de políticas públicas. Neste contexto, observamos que o termo “maretório” é mobilizado como uma estratégia de luta por políticas públicas e direitos socioambientais, marcando um espaço que engloba seus conhecimentos, identidades e esperanças de transformação social.