Movimentos sócio-territoriais e "corpos-memória": uma abordagem a partir da narrativa autobiográfica de uma liderança camponesa-indígena
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Resumo
Este artigo aborda a questão das lideranças femininas e das identidades feministas nos movimentos de resistência sócio-territorial face ao avanço do neoextractivismo na América Latina, propondo a história de vida de Deolinda Carrizo, uma referência camponesa indígena pertencente ao Movimento Camponês de Santiago del Estero (Argentina), como um caso emblemático. Para o fazer, partimos de uma relação dialógica entre a autora e a narradora construída no âmbito de uma pesquisa etnográfica. Concentramo-nos na metodologia da narrativa autobiográfica (Lindón, 1999; Arfuch, 2016), entendida como um instrumento privilegiado na hora de aceder aos valores, crenças e ethos particulares que moldam a ação social. Refletimos sobre as características dos ativismos e identidades feministas que são produzidos nestes enclaves de disputa sócio-ambiental, apontando-os como práxis políticas encarnadas e afetadas em corpos-território, recuperando a Lorena Cabnal, mas também em corpos-memória de generizados, racializados e periféricos, que são tanto individuais como coletivos.