Solidariedade e COVID-19 no Chile: tensões e desafios para enfrentar a pandemia com solidariedade
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Resumo
A COVID-19 gerou uma crise sócio-sanitária e económica que exigiu a colaboração entre várias instituições a nível global e nacional, bem como a construção de um sentido colectivo que promove o cumprimento das medidas sócio-sanitárias impulsionadas pelo governo. Esta solidariedade pandémica tem sido invocada como um recurso colectivo para a gestão de uma pandemia. No entanto, esta noção de solidariedade é ambígua quanto ao seu significado, ao seu conteúdo específico e às condições que tornam possível a sua implementação. Este artigo contribui para este debate ao centrar-se nas experiências pessoais da pandemia, indagando o significado que as pessoas atribuem a esta solidariedade e as descrições e avaliações que fazem das suas condições de possibilidade. Estas questões são abordadas com base em pesquisas qualitativas realizadas em quatro regiões do Chile, cujos resultados mostram que, para os entrevistados, a solidariedade pandémica é definida com base num sentido de responsabilidade moral pelos cuidados colectivos, que depende principalmente de três dimensões inter-relacionadas: a institucionalização da solidariedade, a gestão governamental e os desafios associados à prática colectiva e interpessoal no acompanhamento das medidas sociais e sanitárias.